quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CIDA ROLIM by MARCELINO DE MIRANDA

Um comentário:

  1. A partir da natureza semiótica (simbólica) da atividade lúdica dos humanos é que a perspectiva histórico-sociocultural traz luz para o entendimento da dimensão educativa do jogo entre humanos e seu importante papel na IMPREGNAÇÃO CULTURAL do sujeito: seu efeito coletivizador. É através do brincar ou das interações lúdicas que se possibilita o aprendizado de regras e a sujeição das ações impulsivas à sua satisfação adiada pela via do prazer.

    Apoiando-se nas idéias originais de Vigotskii a perspectiva histórico-sociocultural destaca a descoberta de que no jogo “a ação vem do significado da coisa e não da coisa.” O sujeito passa a agir no campo semasiológico, que não se encontra vinculado apenas ao campo visível das coisas e ações reais. Importante papel educativo teria a flexibilização de sentidos atribuídos às palavras, objetos e ações nas práticas lúdicas. A atividade lúdica criaria desse modo zonas de desenvolvimento proximais – ZDPs que só poderiam ser criadas a partir da interatividade (interação) entre sujeitos com níveis diferentes de imersão cultural.

    As ZDPs são caracterizadas na perspectiva histórico-sociocultural como uma região próxima ao desenvolvimento já consolidado pelo sujeito situada no limiar entre aquilo que a pessoa já é capaz de fazer sozinha, sem a ajuda de outros, e de suas possibilidades de ação com o auxílio de membros mais experientes no uso de artefatos culturais do meio social em que ela se encontra aconchegada.

    Através das ZDPs seria ampliado o APRENDIZADO dos sujeitos gerando consequentemente seu desenvolvimento. Nesse espaço de alteração do sentido ou orientação da atividade da pessoa no jogo, novos conhecimentos estão em processo de elaboração mediados por artefatos culturais, instrumentos e signos apropriados pela interação com interlocutores mais familiarizados com a imersão em um contexto cultural que exige o manejo de sofisticadas ferramentas para o trabalho e comunicação. Desse modo podem ser consolidados e ou ressignificados novos saberes ludicamente.

    Em resumo, a prática lúdica ou jogo é uma atividade orientadora dos modos de agir que ocorre desvinculada ou “alienada” do seu conteúdo substancial (fins utilitários) gerando alegria e bem estar (prazer funcional). Nesse espaço de ressignificação da atividade da pessoa, novos conhecimentos estão em processo de elaboração e, frente à mediação de artefatos culturais potencializada pela interação, podem vir a ser consolidados e (co)laborados. Nisso reside fundamentalmente o valor pedagógico do jogo ou das práticas lúdicas na perspectiva histórico-sociocultural.

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